Começa hoje, com solenidade de abertura às 19 horas, na galeria Olido, em São Paulo, a 25ª Jornada Nacional de Cineclubes, em que entidades e representantes de todo o país discutirão a democratização do cinema e do audiovisual brasileiros, decidirão sobre a entidade nacional do movimento e elegerão sua direção.
Este encontro estabelece um novo marco no movimento, que viveu uma década de 1990 difícil e de desarticulação geral, que pode ser superada se os cineclubistas conseguirem restabelecer uma entidade nacional e se conseguirem conduzir a seu comando uma chapa coerente, que agregue as diversas experiências em curso pelo país e as represente de modo solidário, democrático e dinâmico.
Uma boa novidade surgiu a partir de um encontro de cineclubistas no Convento do Carmo, em São Paulo, quando militantes de várias correntes assinaram protocolo em defesa da unidade e da proporcionalidade na composição da nova direção nacional do movimento.
Essa tese visa superar uma prática extremamente danosa que vigorou no cineclubismo brasileiro, que constituía em os vencedores excluírem as minorias de qualquer fórum de decisão do movimento, o que as marginalizava e, na prática, as excluíam do movimento.
Naturalmente que alguns, cuja boca já foi entortada há muito pelo cachimbo, continuam defendendo idéias superadas pelo tempo e defendendo práticas ofensivas e profundamente danosas.
Porém, tudo indica que o conjunto do movimento se orientará para uma ação mais coesa, e tende a rejeitar ações desagregadoras, que têm gerado mais fumaça que fogo, mais palavras destemperadas que ações efetivas e transformadoras.
Além disso, um outra proposta muito interessante também foi veiculada: a de que a direção nacional do movimento tenha, além das tradicionais diretorias, vice-presidências regionais, o que descentralizaria a ação da entidade nacional, além de equilibrar um pouco o excessivo poder de que o presidente da entidade nacional movimento em outras épocas encerrava.
Do ponto de vista político, os cineclubistas terão de decidir se desejam o velho formato do movimento que naufragou na década de 1990 ou se ousarão dar nova forma ao cineclubismo brasileiro, reconhecendo as novas práticas e formas já em curso.
Embora haja quem anseie por enquadrar o movimento a velhas regras encovadas e demodês — como na velha fábula, em o bandido Procusto esquartejava sua vítima para que coubesse no leito menor — a tendência também aponta para o futuro. É lógico que há quem se pele de medo do futuro — e por isso se apegue a velhos e carcomidos modelos ruminados em regiões gélidas acima do trópico de Câncer, mas o movimento terá de escolher entre o enterro simbólico do passado e o passado como assombração.
O passado, por melhor que tenha sido — e nem sempre o foi — não voltará nunca mais - Marx quando diz que a história se repete em modo de farsa está, como é de seu feitio, sendo irônico (embora alguns o tomem ao pé da letra). Tenho a impressão de que um saudável e oxigenado vento soprará na galeria Olido entre os dias 1º e 5 de dezembro, que removerá velhas idéias e práticas exclusivistas e reacionárias, deixando caminho livre para os brotos, por mais frágeis e loucos que pareçam, crescerem, florescerem e darem frutos.
Epa Babá!
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