O cinema, a imagem em movimento, além de ser objeto comercial e industrial é acima de tudo arte, fonte expressiva de cultura, ele não existe sozinho, e pode trazer consigo a memória e a luta pela construção da identidade de indivíduos, de comunidades locais, de grupos sociais e culturas, enfim de um povo.
O cinema – o vídeo, em VHS, DVD ou cibernético – e a televisão, associados às linguagens escrita e sonora, permitem a apreensão e a compreensão do mundo até mesmo por aqueles excluídos do mundo das letras.
Sob esse aspecto, pode e deve ser instrumento de democratização da cultura humana em geral e das manifestações de grupos sociais e culturais em particular – democratização que envolve acesso não só aos meios de exibição, mas também aos de produção e aos de organização em torno de objetivos específicos.
Noutras palavras, não é suficiente ter televisão, vídeo ou DVD, ou ainda dinheiro para ir ao cinema: é necessário ter um domínio crescente da gramática audiovisual, ter consciência dos mecanismos e processos de produção audiovisual e educar-se para a organização em entidades que lutem pela democratização da produção, da difusão e do saber relacionados ao cinema, à televisão, à fotografia e às novas mídias e técnicas audiovisuais, o que não se faz sem reflexão crítica e sem ação transformadora.
E se o que se disse encontra acolhida em necessidades gerais da sociedade brasileira, mais ainda a encontra nas imensas necessidades das populações trabalhadoras das áreas periféricas das grandes cidades e nos pequenos municípios, necessidades que não são só de comida, mas também de diversão, arte e lazer, cujo não atendimento sujeita o indivíduo a uma profunda miséria espiritual e a uma exclusão simbólica que em nada fica a dever às correntes da escravidão física, que até fins do século XIX caracterizaram a situação de opressão vivida pela classe trabalhadora brasileira.
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