As mobilizações de setores organizados da sociedade, que nos últimos anos vêm pressionando os meios de comunicação de massa, têm como ponto de partida uma singela constatação: o público gosta da TV aberta e não abre mão dela.
A TV aberta no Brasil ofereceu-se, particularmente a partir da década de 1970, com alternativa democrática de lazer e cultura a uma população que jamais teve condições de acesso frequente ao teatro, ao cinema e a outros entretenimentos bastante comuns para as classes mais abastadas.
É por isso que as famílias trabalhadoras, mesmo vivendo em condições precárias, procuram sempre adquirir um aparelho de televisão tão logo quanto podem: trata-se de garantir o quinhão mínimo de prazer e fantasia em meio à vida fatigante.
A novela, o futebol, o desenho animado, o programa de auditório são conquistas simbólicas das classes trabalhadoras propiciadas pela TV aberta.
Quanto torce por seu time no domingo, o trabalhador não está sozinho diante do monitor: ele está no estádio, ele está em campo, ele está no banco de reservas orientando o time. E quando a família janta assistindo à novela, ela se integra aos dramas representados pelas personagens – e engana-se quem acha que o telespectador aceita qualquer intérprete para os papéis principais ou qualquer enredo mal cosido, os fracassos de audiência estão aí para comprová-lo.
A TV aberta, para o bem e para o mal, fazendo grudar nas telas homens e mulheres, crianças e adultos, jovens e anciãos ávidos de fantasia, contribuiu imensamente para uma maior integração e coesão dos brasileiros espalhados por este imenso país. Contribuiu e são ainda maiores as contribuições que pode dar.
A degradação da TV aberta significa exclusão, privação, empobrecimento. O esvaziamento e a desmoralização de sua programação em favor das TVs pagas é um golpe contra o povo brasileiro e contra a democracia, que tem de ser aprofundada e não precisa de mais esse desfavor dos monopólios televisivos.
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