sábado, 11 de junho de 2011

Cineclube Idade de Ouro

30/12/2004

Para encerrar minha colaboração neste ano de 2004 rendo, na figura do Cineclube Idade de Ouro, uma pequena homenagem aos militantes do novo cineclubismo e do audiovisual comunitário que, em se articulando, são força social considerável para uma democratização mais profunda do Brasil.

A luta do trabalhador brasileiro começa cedo e não termina nunca. No campo ou na cidade, ainda criança, ele é forçado a abandonar os carrinhos ou as bonecas para ajudar a família no sustento da casa, quando tem casa.

Batalhar a vida inteira recebendo salários que não dão para quase nada, ser privado do lazer, da moradia, do direito à saúde, à educação de qualidade, pagar muitos impostos, passar muita necessidade e depois de aposentar-se, continuar lutando contra as aposentadoria e pensões ainda piores do que os salários que recebeu quando na ativa. Esse é o roteiro da vida de um trabalhador.

E se não faltar saúde, o trabalhador, mesmo atingido pela idade, vai à luta.

Quem não se lembra de que o primeiro protesto mais vigoroso contra o Collor foi feito pelos aposentados?

Se quando chega a idade ao trabalhador as energias físicas ficam menores, a sabedoria não, pois essa só aumenta com a idade.

Uma das eras mais importantes para a humanidade foi a era dos metais, quando o homem, depois de descobrir o fogo, aprendeu a derreter alguns minerais para fazer seus utensílios domésticos e de caça. Mas o homem demorou um tempão para aprender a derreter o ouro, que é mais duro e que precisa de muito mais calor para ser fundido.

Ora, o que é um trabalhador aposentado ou pensionista senão uma mulher ou um homem bem no meio da idade do ouro, a que demora mais a chegar, mas a que acumulou mais história, mais saber, mais calor?

Os trabalhadores brasileiros, após se aposentarem, não querem ficar parados: querem estudar, querem passear, querem dançar, frequentar clubes esportivos. Têm o direito, e vão à luta por eles.

O Cineclube Idade de Ouro, da União de Aposentados e Pensionistas de Osasco (UAPO) é mais um episódio dessa luta: manifesta a disposição de quem quer aprender a ler melhor as imagens, assistir e debater filmes novos, rever filmes antigos, fazer documentários sobre sua luta, aprender a usar câmeras para registrar seus sonhos, histórias, vontade de ser feliz e de que os filhos, netos, bisnetos encontrem um mundo mais humano.

Para o ano de 2005 queria deixar essa mensagem de juventude do cineclube Idade de Ouro, da União de Aposentados e Pensionistas de Osasco, que tem dado lições de combatividade e perseverança, mesmo quando tiveram seu direito de voto cassado arbitrariamente na 25ª Jornada Nacional de Cineclubes, mas isso já são águas passadas, que se não molham mais, servem de vacina.


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